Com grande satisfação o Rua das Artes -Encontro de Circo vem acontecendo de vento em polpa. No dia 3 de julho de 2012 , tivemos uma grande e qualificada quantidade de pessoas, treinando, trocando, se divertindo, exercendo arte, na rua, no espaço público, no Campo Grande. O Rua das Artes é um encontro de circo na rua afim de dinamizar a formação de artistas e companhias que possam integrar ao MAR* de Palhaços (*Movimento Abre-Rodas de Palhaços) que avassala a cidade de Salvador. Para nadar nesse mar é necessário estar conscientemente conectado ao grande propósito do MAR e seguir suas ondas, surfar para o infinito, perpetuando nossa relação com o território, do artista com o território.
Estamos constantemente sendo desterritorializados (HASBAERT, 2009) por um movimento globalizado que transforma tudo em mercadoria, enfraquece a vida pública e nos impele a uma reorganização constante impelida por diferentes partes integrantes da sociedade. Esse processo que envolve certos conflitos gera uma multiplicidade de interações entre as pessoas no território o que envolve diferentes e diversas relações internas na sociedade e desta com a natureza. Dentro desta interação está o poder político, está também os interesses econômicos, os impactos ambientais...
O que entendo por desterritorialização colocada por Hasbaert é que os grupos humanos estão em constante processo de se territorializar e em certos aspectos isso gera resistência a territorializações que caminham para se hegemonizar. Esses movimentos hegemônicos criam determinadas desterritorializações porém a resistência cotidiana gera novas territorializações...Neste ínterim surge um MAR de Palhaços, um encontro como Rua das Artes, formando uma Zona Autônoma Temporária (Hakim Bey) cujos parâmetros de relações sociais com o espaço são ressignificados. Mas este é um espaço de formação, digamos, de fortalecer nossos espíritos para agir contra a coação sistemática das forças neo-liberais hegemonizadoras, E ENTÃO O QUE ESPERAMOS ALCANÇAR COM ISSO? QUAL O PROPÓSITO VERDADEIRO?
O propósito verdadeiro do Rua das Artes, está na sua raiz: O MAR de Palhaços. Vem fazendo parte deste movimento, por enquanto, dois grupos, a Cia Obcena de Artes e a Cia Pé na Terra. Nós temos estabelecido nosso movimento de arte de rua, com palhaçaria, formando pontos de roda, criando cultura de artista de rua. Se formos pra Europa podemos ver em alguns países que falta espaço pra tanto artista. Por que aqui essa falta de reconhecimento? Sentimos uma dor profunda ao ver alguns artistas passando necessidade, ou atendendo telefone, ou se integrando a um cargo executivo qualquer porque acha que não se pode viver da arte na cidade de Salvador? E
Existe um Ethos na nossa sociedade brasileira, ou mais especificamente, soteropolitana, de que ser artista é não ser digno, mas nós do MAR dizemos que ser artista é ter qualidade de vida, é obedecer aos impulsos de nossos corações, é não abrir mão da nossa autenticidade, da nossa liberdade de sermos quem somos. É um ato de intento inflexível, de caminhar para um propósito, de sabermos qual é nossa missão nesse planeta adoecido pelas estapafúrdias idiotices humanas. De estabelecermos nossa emancipação diante da ignorância das infinitas possibilidades de re-qualificação das relações sociais e de desenvolvimento humano no território.
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