quarta-feira, 11 de julho de 2012

Rua das Artes: um MAR de Amor


Por Igor Sant'Anna Caxambó 
Cia Pé na Terra - http://www.penaterradospalhacos.blogspot.com.br/
*fotos por Safira Moreira


Nossa razão está condicionada por um sistema escolar que institucionaliza nossa existência material. Somos praticamente obrigados, pela cultura da escolarização, a escolher viver nos moldes criados por outrem, sem refletir, sem sentir e sem ter tempo de desenvolver nossa subjetividade. Os valores disseminados pela institucionalização do saber, a escola e todo seu sistema educacional, nos impõem um modo de vida baseado no consumismo, do ter em detrimento do ser. 




Parece-nos até que essa imposição acontece de maneira sutil, mas não é bem assim. Há um sistema que trabalha através das lacunas da "consciência desatenta", ou seja, estamos desatentos com nós, nosso corpo, nossa emoção, nossa personalidade, nossa individualidade/coletividade. Nossa desatenção conceitualiza essa imposição declarada como sutil, mas não há nada de sutil, a verdade está posta. Precisamos desenvolver nossa subjetividade coletiva, a identidade do nosso tipo de sociedade ou micro-sociedade em que nos instalamos está no caráter dos nossos espaços públicos, na razão e emoção de sua existência.


A arte do palhaço é  arte de enamorar-se da vida. Apaixonar-se pelas pessoas significa deixar que o amor flua através de nós. Alinhar com um estado de consciência em que pese a plena presença, a sensibilidade intuitiva e uma "rebeldia não-revoltosa". Não é um ato de rebeldia mas de abandono. Como abandonar este sistema estando dentro dele? Vivenciá-lo sem cumprir sua cartilha?"Eles" querem que vivamos sem pensar? Antes querem que vivamos sem sentir o que nos é autêntico sentir. Dizem que devemos seguir os caminhos da razão contra os caminhos do coração. Aquele que seguir o caminho de seu coração é considerado um louco! 


Mas quem dita os caminhos da razão?


REflexão: o que é esfera pública na sociedade de hoje? Por exemplo: TElevisão é uma concessão pública, utiliza o ar, assim como o rádio, para transmitir. Na lei é necessário haver uma concessão pública. Nossos (lá deles!!!) políticos concedem este poder de comunicação a interesses privados que focam na sociedade de consumo e corroboram constantemente com uma sabotagem educacional do povo, utilizando o bloqueio do desenvolvimento da racionalidade pertinente à escolarização. 


Voltando à arte do palhaço: ocupar um espaço público, sendo nós mesmos, assumindo o lugar do ridículo, nos relacionando com as pessoas a partir da nossa espontaneidade e do nosso coração, em detrimento das máscaras sócio-comportamentais ditadas pela razão avassaladora, é hiperevolucionário. A realidade na verdadeira realidade não está posta!!! Está sendo postada, constantemente. Adotar a ocupação de um espaço público através da arte, deixando que ela faça a mediação das nossas relações 
sociais é um verdadeiro salto quântico. Rua das Artes Encontro de Circo é este lugar, porém, mantenhamos o pensamento: se esses princípios não se perpetuarem no nosso cotidiano estará sendo postada uma retração do salto quântico.Aí devemos nos voltar para compreender o que significa o MAR de Palhaços.


O Rua das Artes é o lugar que nós, artistas de rua, encontramos para fortalecer nossos afazeres artísticos. É um MAR de água doce que encontramos no meio do deserto. Ele ajuda, estimula, recruta novos guerreiros para arejar um movimento que vem acontecendo cotidianamente cujo princípio é : viver da arte é possível!!


Mas o que é viver da arte? É se alimentar dela, ganhar dinheiro mesmo, mas é só isso? Não, porque não só de pão vivemos não é? Precisamos nos alimentar de nós mesmos, nos retroalimentar com nossos próprios sonhos, nosso autênticos sonhos, partindo de nossas pulsações interiores. Precisamos mesmo mais do que ganhar dinheiro, ganhar a nós mesmos!!!Tivemos nossa infância roubada. Nos afastaram de nós e nos disseram que somos seres racionais porque criaram uma razão de existência artificial para que estejamos constantemente alimentando a um sistema que nos suga e nos faz acreditar que dependemos dele.


Convidamos a tod@s: se integrem, procurem saber, venham somar e multiplicar o MAR de Palhaços. Somos um movimento em plena expansão, de formação, emancipação, libertação, comunhão, amigão, comer pão, também feijão. Comer com fome é bem melhor, 
principalmente quando descobrimos que podemos criar nosso prato, mais do que escolher dentre os velhos cardápios.



Links de referências inspiratórias:


Um comentário:

  1. Eu tô colado nesse movimento, querendo fazer cada vez mais parte dele: crescer, sobressair, sobresomar, sobresumir, sobresermaisquemãosepés dessa sociedade de alguma forma. Dar esse salto quântico é importante e eu digo: continuemos com força, seguindo os nossos corações de palhaços e poetas! Amo todos vocês, com toda a luz que possamos emanar. E nos amemos, vamos criar laços além disso que nos cerca e subir juntos, nessa atitude plena e estabelecida. Vocês são admirados por mim e meus dois exemplos de vida. Valeu. Fé, força, luz e coração. O capitão planeta não apareceu, mas aparecerá o Deus Palhaço Sagrado em cada um de nós. Valeu abraços e beijos a todos que fazem parte disso. Vamos que vamos.

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